quarta-feira, 11 de julho de 2007

Clássico do Mês: John Coltrane
Mito do jazz, saxofonista uniu como ninguém o apuro técnico à emoção* por Jonas Lopes


Muitos o idolatram. Alguns (poucos) o consideram superestimado. Ninguém, no entanto, ignora o saxofonista norte-americano John Coltrane, cuja morte completa 40 anos neste mês. Depois de passar por várias bandas no início da carreira, como a de Dizzy Gillespie, decolou ao entrar para o grupo de Miles Davis, em 1955. Mas a condição de jovem talento não impediu que ele fosse demitido pelo trompetista em 1957, culpa de seu progressivo vício em heroína. Foi então cooptado por Thelonious Monk para uma série de shows tão sensacional que Davis resolveu chamar Coltrane de volta. A dupla acabou registrando, em 1959, o lendário álbum Kind of Blue.Antes, ainda em 1957, o saxofonista lançou seu primeiro disco expressivo, Blue Train. Era um bom trabalho, mas um tanto imaturo. Coltrane só se converteu no gênio eternizado pela história a partir de 1961, após montar um quarteto mágico com McCoy Tyner (piano), Jimmy Garrison (baixo) e Elvin Jones (bateria). Juntos, gravaram pérolas como My Favorite Things, Crescent e, sobretudo, a suíte A Love Supreme, em que o saxofonista atinge a perfeição de sua simbiose entre emoção e técnica (praticava por horas a fio).No fim da vida, a religião ajudou a tornar sua obra ainda mais espiritual- e também experimental. Em 1965, Coltrane começou a explorar sonoridades cada vez mais selvagens e distantes da harmonia tradicional, além de promover flertes com o Oriente. Isso torna a audição de seus últimos discos bastante difícil para quem não aprecia o chamado free jazz.O músico morreu de câncer em 1967, com apenas 40 anos. Sua influência, porém, permanece tão grande que até roqueiros não hesitam em apontá-lo como fonte.
(Bravo!-on-line)

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